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ID: 2676

Comunidades de ex-combatentes no delicado processo de Paz na Colômbia

Ex-combatentes das FARC vivem um frágil processo de paz na Colômbia

21/12/2018

Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
Igrejas acompanham comunidades de ex-combatentes na Colômbia - Foto: LWF/Albin Hillert
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No longínquo noroeste - uma das regiões mais precárias do país - a Igreja Evangélica Luterana da Colômbia (IELCO) acompanha comunidades através de um processo de paz difícil e lento, para sustentar esforços pacíficos e aliviar o risco de uma recaída aos conflitos violentos.

O projeto da IELCO Da Guerra à Paz acompanha mais de 300 famílias na região de Antioquia e faz parte da iniciativa ecumênica global Acordando o gigante, da Federação Luterana Mundial (FLM). Oficialmente lançado na Colômbia em novembro de 2018, 'Acordando o gigante' reúne uma plataforma emergente de igrejas de diferentes tradições cristãs na Colômbia, num esforço conjunto para ajudar a alcançar os objetivos da Agenda 2030 das Nações Unidas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sobre a paz e justiça, e visando fortalecer instituições.

“Quando chegamos, a comunidade não sabia o que esperar. ´Haverá conflitos, mortes ou ameaças?, perguntava o ex-comandante guerrilheiro Joverman Sánchez Arroyave, conhecido pelo nome de Rubén Cano na guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). “Mas não houve nada disso. Nós viemos aqui para trabalhar e trabalhar juntos com a comunidade. É o que estamos fazendo.“

Hoje, Rubén faz parte de um grupo de famílias de ex-combatentes das FARC que se estabeleceram para levar uma vida pacífica no vale de San José de León, no município de Mutatá, Antioquia, no noroeste da Colômbia. Juntos, eles compraram e agora cultivam 36 hectares de terra.
Mas a transição da guerra de guerrilhas para uma vida em paz não foi um processo fácil. Dois anos depois de assinar o tratado de paz com o governo colombiano em 2016, os ex-combatentes continuam a enfrentar traumas, estigmatização e insegurança.

O projeto da Igreja oferece ferramentas para um desenvolvimento pacífico

A região de Urabá constitui um corredor estrategicamente importante para o comércio com a América Central, e o tráfico de drogas e o comércio de armas resultantes disso ainda mantêm grupos armados ativos na área. Como o Governo é lento em cumprir os acordos do tratado de paz, e agora com um presidente que argumenta que o tratado favorece demais para os ex-guerrilheiros, a situação tornou-se muito complexa.

“Neste período que o país atravessa no momento, há uma série de desafios… os cumprimentos das promessas do governo foram muito poucos e o desenvolvimento é lento. Portanto, tanto os ex-combatentes quanto as comunidades onde eles estão se reintegrando precisam de apoio”, explica Edwin Mosquera, coordenador do projeto “Da guerra à paz”.

“Como igreja, neste caso, oferecemos não tanto discursos religiosos, mas muito mais o acompanhamento prático”, observa o Pastor John Hernández, luterano da IELCO que acompanha o projeto. “Oferecemos apoio em gestão de traumas, autoproteção e questões legais.”

Uma comunidade em crescimento oferece esperança enquanto testemunha grandes desafios

Perdoar é lembrar sem dor, diz um homem de cinquenta e poucos anos durante oficina facilitada pela socióloga Ana Eloísa Gómez com membros da comunidade sobre o tema do perdão e da reconciliação.

“Sabemos que há muitas coisas que nos ferem, que nos mantêm separados. Mas talvez possamos também pensar em coisas que nos unam, que nos ajudem a manter-nos unidos como nação?”, pergunta Gómez.

Uma menina diverte-se através de uma cerca de madeira durante a oficina. Participaram 27 famílias de ex-combatentes que compraram o lote de terra em San José de León, vindos de Córdoba para se estabelecer junto a cerca de 50 famílias de camponeses que já viviam na área.
Dois anos depois, 50 famílias de ex-combatentes vivem agora na comunidade emergente, que abriga um pequeno restaurante, vários comitês para organização e desenvolvimento da comunidade e que ganha a vida através da agricultura, piscicultura e avicultura.

“Antes, víamos que a maioria das pessoas tinha filhos, mas depois os entregava diretamente aos avós ou às tias, e que as crianças nunca tinham os sobrenomes dos próprios pais - que teriam sido perseguidos, mortos ou sequestrados. Agora, acho que é muito bom, porque alguns estão se reunindo com seus filhos e hoje não temos mais esse problema”, diz Aida, uma das líderes femininas da comunidade.

Mas também há um lado difícil na história.

“Os primeiros que vieram para cá foram os que estavam com o camarada Rubén. Outros decidiram ficar em Córdoba”, acrescenta Aida. “E então vieram os paramilitares e os expulsaram para longe das terras em que estavam vivendo. E como eles não tinham nenhum lugar para morar, eles vieram para cá. Vemos que aqui podemos dar refúgio a companheiros que não têm para onde ir.

“Diante dessa realidade, embora estejamos em processo de paz, o governo continua ausente, e o que nosso projeto procura fazer é fortalecer os passos para a paz”, diz Mosquera. “A paz é um conceito muito importante. Paz é educação, paz é saúde, paz é vida digna. De maneira prática, esse projeto nos permitiu oferecer pequenas oportunidades para começar a sonhar com a construção da paz na Colômbia”.

“Penso que esse acompanhamento é muito interessante… especialmente como vocês nos ajudam a entender melhor o que foi acordado por ambas as partes, o governo e as FARC, no tratado de paz”, concluem Rubén. “Sonho que o que foi acordado em Havana, testemunhado pela comunidade internacional, seja cumprido. Essa é toda a essência para alcançar a transformação política tão necessária em nosso país, e que inclui a paz”.

Escrito para LWI por Albin Hillert e editado pela FLM Comunicações

 


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