Missão com Famílias


ID: 2785

Pai e Filho

Texto: Gênesis 15.1-6

15/08/2012

Pai, assim diz o Senhor: não temas!
Texto: Gênesis 15.1-6
Abraão sobreviveu à devastação da batalha travada para recuperar o seu sobrinho Ló e sua família (Gn 14.1-17), mas ele carrega a dor de uma ferida interna que se torna insuportável. Por isso, a paz de espírito que ele busca agora não pode ser conquistada por corajosos golpes. Em vez disso, ele procura inspiração em sua capacidade de ouvir e receber palavras que possam oferecer um conforto e esperança de Deus.
Aprendemos com a experiência de Abraão que ninguém é imune a dúvidas e medos. Sua vida nos ensina que não temos de ser heróis vinte e quatro horas por dia para enfrentar a vida com coragem. Que é possível perdermos o caminho e ficarmos apavorados com o nosso futuro. Que às vezes na vida ficamos numa encruzilhada.
Abraão, quando mais necessita ser confortado, recebe de Deus a palavra: “Não temas”. Ela torna-se o contraponto espiritual da ordem que tinha recebido no inicio: “deixa tua terra”. De forma similar, nas sucessivas gerações, Deus vai exortar cada um dos patriarcas a “não temer”, e assim lhes dá condições de prevalecer nos momentos de crise. Este procedimento nos sugere que o desenvolvimento da fé não acontece num instante. A fé só pode ser construída com o tempo, ao enfrentarmos e vencermos nossos medos. Aprendemos a ter fé em nós mesmos e nas outras pessoas, por meio da construção da confiança com os pais. Crianças ou adultos, todos nós precisamos ser confortados pela certeza de que somos amados. Precisamos que nos mostrem esse amor de forma palpável, para assim nutrir a confiança. Como um bom pai (mãe), Deus assegura a Abraão que Ele será uma presença constante e estável em sua vida. Ele dá a Abraão a confiança de questionar Suas promessas e pedir prova tangível quando precisar delas.
A palavra “Não temas”, não significa que não haverá obstáculos pelo caminho. “Adoramos a Deus”, escreveu o rabino Kushner, “não porque Ele tornará suave o nosso caminho, mas porque Ele nos dá a graça e a determinação de nos mantermos andando, mesmo quando o caminho é pedregoso”.
O texto nos mostra que Abraão está claramente ansioso e obcecado em descobrir seu verdadeiro herdeiro. Ló, o parente mais próximo, caíra vítima das seduções de Sodoma. Pela lei da terra de Canaã, o mordomo de sua casa, Eliezer de Damasco, poderia tornar-se herdeiro de Abraão, mas só como último recurso.
Para assegurar-lhe uma paternidade futura, Deus conduz Abraão fora da tenda de suas preocupações terrenas e compara a “semente” de Abraão com a multidão de estrelas no firmamento. Conta o relato que Abraão acreditou na promessa de Deus, e esse ato de confiança, esse ato de fé, fez com que Deus lhe considere justo e integro. Na sequência, o texto escreve que Abraão teve um gesto ousado: pede para Deus uma prova palpável do que lhe promete. O surpreendente é que Deus responde de forma compreensível a Abraão, selando a aliança por meio de um ritual chamado a divisão dos animais (Gn 15. 6-21).
Há neste gesto, de aceitação da prova por parte de Deus, algo que devemos guardar para sempre: no diálogo entre Deus e a pessoa humana, Deus não pede a pessoa para abandonar o humano com suas limitações. Muito pelo contrário, Deus não somente aceita a nossa humanidade, como entra nela para nos dar uma fiel prova do seu compromisso e amor para conosco. Assim, Abraão é chamado o pai da fé não por ter condutas sobre-humanas, fantásticas. Ele foi um homem cheio de dúvidas, medos e erros. Se isto é assim: por que ele se destaca na história bíblica? Porque busca a Deus em meio às crises e consegue dele promessas que possam sustentá-lo no dia-a-dia, e faz delas um suporte para o seu futuro e o da sua família.
Estas colocações são pertinentes e necessárias para a celebração do dia dos pais. Lamentavelmente a nossa cultura constrói imagens de pais pouco adequadas à realidade. Desde pequenos, meninos são treinados a serem “fortes” acima de qualquer coisa. Agressivos, se necessário. Mais tarde, a ambição inescrupulosa e a competição desmedida passam a ser consideradas virtudes. Muito mais se exercidas para garantir o sustento da família. Até mesmo a falta de escrúpulos é tolerada quando empregada para melhorar as condições de vida.
Quando estas pseudovirtudes acabam destruindo a própria vida e as máscaras de super-homens caem, faz bem olhar a história de Abraão.
Este “pai da fé” viveu como qualquer pai. Em meio à luta dura e árdua pelo pão de cada dia, teve subidas e descidas. Tempos bons e outros nem tanto. Ele torna-se instrumento de Deus não porque ele seja poderoso, inquebrantável e de uma fé a prova de tudo. Ele está no caminho de Deus porque não esconde nem oculta dele suas fraquezas, necessidades e frustrações. Ele confia em que Deus só lhe pede que seja o que ele é: uma frágil criatura, um efêmero ser humano. E, a rigor, somente quem aceita a sua condição pode ser alimentado, sustentado, fortalecido, inspirado, encorajado e animado por Deus.
Então, pais (mães e todas aquelas pessoas que desempenham o papel de pais). Que o Espírito Santo de Deus nos dê a coragem para falar com Deus honestamente a verdade sobre nós e conseguir promessas dele para o beneficio das nossas famílias.
Vamos falar:
Que em meio ao trabalho, estamos cansados;
Que enquanto caminhamos pela vida, estamos confusos;
Que sonhamos, mas estamos meio desiludidos;
Que enquanto educamos os filhos/as, não temos toda a certeza;
Que quando nos mostramos firmes e inquebrantáveis, trememos e tentamos segurar as nossas rachaduras;
Que em quanto rimos confiantes, nos acomete a preocupação pelo amanhã;
Que quando olhamos para os nossos velhos pais, não deixa de nos invadir uma insegurança pelo nosso futuro;
Vamos, vamos cobrar coragem e falar no ouvido do nosso Deus (Pai nosso) que somos frágeis. Só assim escutaremos para nós a palavra dita a Abraão: “não temas”. Amém.


Autor(a): P. Dr. Pedro Alonso Puentes Reyes
Âmbito: IECLB / Sinodo: Sudeste
Área: Missão / Nível: Missão - Família
Natureza do Texto: Pregação/meditação
Perfil do Texto: Meditação
ID: 16283

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