Vivemos envelhecendo. Envelhecendo, vivemos!
A realidade do envelhecimento tem sido um grande desafio nos últimos anos, observado especialmente pela minha atuação no Lar de Idosos Recanto do Sossego, em Braço do Trombudo/SC, instituição que cuida de pessoas idosas em necessidade há mais de 80 anos.
As nossas missões são o amparo e o cuidado da pessoa idosa, o que apresenta aspectos bem diferenciados. A característica principal das pessoas para as quais as famílias e o serviço social dos municípios procuram ajuda é o comprometimento neurológico, decorrente de alguma demência, o que demanda equipe de cuidado preparada e infraestrutura física adaptada.
O percentual de pessoas idosas cuidadas em Lares de Idosos é mínimo em proporção à população idosa do Brasil, não chegando a 2%, com pequenas variações geográficas.
Quando pensamos em envelhecimento, o foco precisa estar na pessoa idosa junto da sua família, trabalho que desenvolvemos no Recanto, auxiliando o cuidado da pessoa idosa na família e preparando as novas gerações para o envelhecimento. É necessário falar sobre o envelhecimento em casa, na família, na Comunidade de fé e na sociedade, vencendo preconceitos.
O envelhecimento é parte das nossas vidas e não algo no final da nossa trajetória. Trata-se de um processo em que vivemos envelhecendo e, envelhecendo, vivemos. A percepção do envelhecimento como um processo nos convida à atitude de preparação para o envelhecimento em todas as fases da vida.
A Ciência e a Medicina têm feito avanços significativos nos últimos anos para a prorrogação e a qualidade da vida do ser humano, porém isso não tem sido suficiente. Há muito sofrimento por parte das pessoas no envelhecimento e também das suas famílias.
Conseguirmos fortalecer, animar a longevidade dos anos que o Senhor tem nos presenteado viver, mas, para isso, não há receita. Temos um caminho a seguir. Esse caminho é de superação dos preconceitos sociais, culturais e religiosos. É um caminho de garantia por parte do Estado da assistência preconizada na Legislação Brasileira. Trata-se de um caminho de mudar a ideologia econômica que incute o sentimento de inutilidade quando precisamos de ajuda, principalmente na velhice. É um caminho de vivermos a imagem de Deus em nós na complementariedade, como o apóstolo Paulo preconizou (Rm 12), aceitando sermos ajudados, como uma bênção de Deus às nossas vidas.
A vida não deixa de ser uma caminhada bastante semelhante à caminhada dos discípulos de Jesus a Emaús (Lc 24). Aos que, na caminhada, arde o coração, têm os seus olhos abertos e reconhecem o ressuscitado, a novidade de vida que lhes está sendo apresentada.
P. João Bartsch | Secretário Executivo do Lar Recanto do Sossego, em Braço do Trombudo/SC
PRONUNCIAMENTO |
Acolhimento e inclusão
Entendemos que a vida é um processo dinâmico e envelhecer faz parte desse processo. Vivemos envelhecendo. Envelhecendo, vivemos. A partir da fé, olhamos o tempo de envelhecimento como uma dádiva de Deus e também como oportunidade de participação na Missão de Deus.
A IECLB acredita que as pessoas idosas, a partir da confiança em Deus, podem experimentar uma solidariedade intergeracional e, com base em sua experiência, testemunhar o amor de Deus em seu novo momento de vida.
É por isso que a Igreja quer ampliar o seu olhar e a sua atuação junto às pessoas idosas, visando a ser uma igreja cada vez mais acolhedora, inclusiva e missionária.
Manifesto Cuidado com a Pessoa Idosa (2016)